sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Chuva Rubra

Vermelho. Como todo o ódio que sinto. Borbulhando. Fervendo em minhas veias, derretendo minha pele. Queimando. Com todas as palavras e pensamentos gastos em vão. Eu tentei. Não ceder, tentei ser como o que esperavam de mim, mas essa não é a minha natureza! E eu não esperava que isso acontecesse. Farta. De tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. De tantas cores ao mesmo tempo explodindo em minha face! Eu só quero o vermelho. Quero banhar-me no sangue das virgens. Quero embebedar-me no líquido vital dos guerreiros degolados. Quero viver do medo e desespero. Do câncer, da raiva, dos gritos, da loucura e ranger de dentes. Alimentada dos tons de rubro dos mais vivos aos mais frios. E que essa chuva caia sobre mim, me afogando na dor profunda entre ossos e entranhas. Eu não quero mais estar exausta tentando ser aquilo que não consigo. Tentando sentir coisas que realmente não sinto. E tudo o que sobrou é isso. Eu sou dele. E também sou dela.

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