sábado, 27 de dezembro de 2014

Peito Carregado, Pés Inquietos (Ir: 2° Versão)

Eu só preciso dar umas voltas pelo mundo. De um pouco de ar fresco na varanda de casa, de um bom vinho seco acompanhado de uma música favorita, de olhos fechados contemplando a imensidão do meu próprio ser. Comprovar a existência que deixei escapar por todos esses anos. De viver dia após dia, me descobrir e redescobrir, de bons tragos em cigarros de filtro branco e filtros dos sonhos no meu quarto, pra ver se eu consigo resgata-los, enfim, achar em algum baú perdido por aí. Me transbordar e lavar cada cantinho da alma, tirar a poeira, pra finalmente inspirar ar limpo e exalar qualquer coisa que não seja a melancolia. Tô precisando viver aquilo que sempre temi em fazer, arriscar, sair da bolha, quebrar os meus próprios muros pra criar pontes concretas. Eu só preciso mudar o tom do azul escuro pra o tom do anil. Mas mudar sem perder a essência é tão difícil. A questão é se permitir, mesmo que isso implique em resolver questões que respectivamente deixei no passado, mas que a solução é essencial para o presente. Pois do passado que a essência é criada, e é apenas aprimorada no passar dos anos. E é disso que eu preciso, de ir.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ir.

Cartas na manga... jogadas sobre a mesa... completamente em vão. Eu vejo você, mas não sei o que pensa. Eu não sei, ainda está tudo tão azul, na verdade sempre esteve. Preciso estancar esse sangue, antes que ele acabe sujando suas mãos. Estradas distintas ou a cratera que nos leva para baixo. Juntando os cacos que eu espalhei, eu só quero ir... não importando o que me espera passos à frente.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Hóspede.

E as lágrimas parecem transbordar como algo que logo se transformará num incessante manancial. Ela sorrateiramente retornou... quebrando a razão, estilhaçando o coração, se infiltrando mais e mais. Apenas ela, uma velha amiga que retorna quando deseja, se hospeda, e se acomoda dentre os nós da garganta e emaranhados existentes no interior da carne. Esqueça tudo o que era antes! Minha vontade tornou-se sua, não importa onde eu esteja. E como é difícil se livrar de algo que você gerou. Emana do peito, cala a voz e ensurdece a alma. Pulsa agressivamente... lentamente aderindo à solidão pela causa incompreendida. Reflexos cruéis do espelho, do estado da mente, do espírito enfermo. E a ferida que nunca sara, só expõe mais de tempos em tempos.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Laços.

Olhe em meus olhos... observe-os transbordar. Enquanto seus braços me envolvem numa triste melodia. O adeus machuca tanto... os sussurros inquietantes. Sinta algo queimar dentro do seu peito, assim como as faíscas do meu coração numa perfeita sintonia. Emanando pensamentos. Docemente padecendo. Desamarrando os laços, silenciosamente junte esses pequenos cacos. E depois... depois nos agarramos a mundos mais agradáveis. Afinal, tudo não passará de um simples adeus. Afinal, tudo se resumirá em simples memórias confortáveis.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Apenas Memórias.

Mas afinal, o que vem depois? Depois de todos os começos e finais de uma só vida, depois das flores que murcharam, de todas as cinzas que se misturaram ao vento... E a leveza do espírito finalmente livre beija as nuvens, anteriormente tão longínquas, inalcançáveis. Quando o plano terreno converte-se em invalidez... Quando nos tornamos apenas memórias?

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Imensidão.

E a cabeça, cansada, profundamente atordoada, deita-se no travesseiro. Memórias, visões de mundos desconhecidos, certamente esquecidos pela mente falha. Lágrimas para lavar os arrependimentos, cicatrizar as feridas, tentar curar a alma. Desgastada, o corpo acompanha, adoece, padece junto à frágil carne. Na imensidão azul, esperança. Na escuridão, sonhos que são só sonhos...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Pedaços de Madrugada (2)

Quando o anil se rende ao breve azul marinho, o espírito finalmente se desprende das amarras dos raios de Sol, e alegremente sorri para a Lua. "Bem vindo novamente"... Onde a tristeza aflora, onde os sentimentos respiram, e pela exaustão transpiram. Tornaram-se refúgio, e as estrelas, o caminho de ligação. O gélido ar invade nas planícies verdejantes. E o agradável algodão das nuvens, transformando-se em mar. Mar, seu lar. Mergulhando e se afogando nas mais profundas águas do tato, do sentir, da inspiração. Então fecham os olhos e ligam-se da forma mais intensa. Podem sentir um ao outro. De acordo com que os primeiros raios, as correntes solares retornam, o espírito enfraquece. E as águas secam, sobrando apenas gotas que escoam por entre os dedos. Em mediante seu ofegante respirar, recita-lhe palavras de amor: "Meu lar, esconderijo a qual eu realmente pertenço, noite dos olhos brilhantes, seus servos continuam a sussurrar em meus ouvidos"... E a amada retribui: "Nos encontraremos novamente, mediante ao Sol poente. Feche seus olhos, porque na escuridão, eu lhe confortarei.".

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Conto da Ávore Quase Morta.

E as raízes se estabeleceram. E incomodam à cada pulsada que seu fraco coração dá. Um suplico, lamúria. Enquanto a fina garoa corta aquele cenário tristonho acompanhado de respirações ofegantes, na pesada neblina. O desconhecido cega... E a canção de ninar toca, assim confortando sua alma, aquecendo, lhe trazendo lembranças de dias de inocência e verão. Embora seus galhos estejam totalmente sem flores, sem vida, a vida flui intensamente dentro dela. E pela última vez... Ela sorri...

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Fome.

Venha, alimenta essa alma e o vazio que nela reside. Possua. Das minha narinas, faça o portal, através deste vento gelado da madrugada. Infecte minha mente como fazia antes, me entorpeça, faça-me esquecer os infortúnios que sondam meu ser. Nesta vasta paisagem com nuvens chorosas cor de sangue. E eu exclamo, até meus pulmões se contorcerem... Que queime e o torne cinza novamente.